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Mayana Neiva: Uma trajetória marcante!

Mayana Neiva bateu um papo com a Alô Você Magazine para falar sobre sua carreira e a série “Rotas do Ódio”, disponível na GloboPlay dos Estados Unidos. Ter feito Direito me ajudou, com certeza. Eu acho que misturou os dois lados da minha vida.

Você já deve ter visto Mayana Neiva em novelas marcantes com personagens bem distintos, como por exemplo, Karine do remake de “Éramos Seis”. A atriz paraibana, formada em Direito e Letras, interpreta a delegada Carolina na série “Rotas do Ódio” da GloboPlay e ainda tem tempo para o seu próximo filme, “O Silêncio da Chuva”, que tem direção do Daniel Filho com Lázaro Ramos. Confira na entrevista tudo sobre essa atriz cheia de personalidade!

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Alô Você Magazine: Você já trabalhou em novelas, filmes e séries. A construção de personagens nesses diversos formatos é diferenciada?
Mayana Neiva: Sim, novelas são obras abertas. Você entra em uma história sem saber como ela vai terminar. São, em geral, produções longas, com cento e tantos capítulos, e tudo pode mudar. É como em um jogo de futebol, em que a bola pode vir de qualquer lugar e você tem que levá-la adiante e fazer um gol. Já em séries e filmes, temos roteiros fechados. Você tem como desenvolver um arco de personagem mais completo e o ator tem um pouco mais de controle sobre o que quer apresentar do início ao fim. Os três formatos são muito interessantes. Eu adoro. Queremos estar onde os bons personagens estão.

A.V.M.: Tem algum personagem com a qual você mais se identificou?
M.N.: O trabalho de construção de personagem vai mudando ao longo da vida, já que você amadurece com o tempo. O processo de preparação é diferente também de acordo com o formato e a estética de direção de cada projeto. Para mim, um dos trabalhos que mais me marcou foi a minissérie “A Pedra do Reino”, do Luiz Fernando Carvalho, meu primeiro na Globo. Fiz duas personagens (Heliana e Moça Caetana) e foi um trabalho muito marcante para mim. Foi muito artístico e rico, como o próprio Luiz Fernando. Outro personagem que me marcou foi a Desirée, em “Ti-ti-ti”, que foi a minha primeira novela, e que fez o meu trabalho chegar a um público que não tinha chegado antes. Essa conexão que a televisão traz é muito rica. E a Carolina Ramalho, de “Rotas do Ódio”, que é quem eu considero a melhor personagem da minha vida, em termos de maturidade, execução, temática. Também de poder trabalhar com a Susanna Lira, uma diretora mulher, feminista, tão incrível, e nessa obra que aborda tantos temas ricos e atuais.

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A.V.M.: A três primeiras temporadas de “Rotas do Ódio” foram disponibilizadas no Globoplay nos EUA. De que forma esse projeto marcou a sua carreira?
M.N.: Eu fico muito feliz desse trabalho estar no Globoplay. É muito bom chegar ao streaming e poder alcançar mais pessoas, inclusive aí nos Estados Unidos, que tem uma comunidade brasileira tão legal. E a Carolina é uma personagem muito especial. Ela é uma policial desperta, atenta e que não está adormecida pela rotina. Ela está buscando, de fato, aplicar o princípio da justiça, algo tão raro no nosso tempo. Há também questões complexas na série. Na primeira e segunda temporadas, abordamos crimes de ódio, intolerância e feminicídio. Já na terceira temporada, falamos de trabalho escravo, exploração de imigrantes e como a inteligência da polícia trabalha.

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A.V.M.: Você interpreta uma delegada na série. Ser formada em Direito, te ajudou de alguma forma a ter uma opinião ainda mais crítica sobre o posicionamento da personagem e sobre a trama?
M.N.: Ter feito Direito me ajudou, com certeza. Eu acho que misturou os dois lados da minha vida. Principalmente porque ainda não existe tanto entendimento sobre crimes de ódio no Brasil. A gente vive um momento de muita xenofobia, intolerância, racismo. Ao mesmo tempo, há um levante do feminismo, de um momento de representatividade de mulheres. No elenco, temos eu, que sou nordestina, três atrizes negras, a Naruna Costa, Teka Romualdo e a Pathy Dejesus – que são extraordinárias – além de duas atrizes trans.

A.V.M.: Você se identifica de que forma com a Carolina, sua personagem na série?
M.N.: A Carolina pra mim é uma personagem muito legal. Ela é uma policial que se compadece e se conecta com o que acontece ao seu redor. A série também trata de questões muito atuais e relevantes e que também me tocam como pessoa. Por exemplo, me senti atravessada pela morte da vereadora Marielle Franco, assim como todos os casos de feminicídio que acompanho e que me tocam profundamente. Há urgência de se falar de relações abusivas, de como se chega a esse tipo de crime, e em que tipo de sociedade a gente vive. A Carolina luta por justiça e isso eu acho que é um ponto forte de conexão que eu tenho com ela.

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A.V.M.: Você já trabalhou em produções estrangeiras e também em projetos como o filme brasileiro ‘Beiço de Estrada’, que foi exibido na Itália e em festivais internacionais. Como você enxerga a valorização das produções brasileiras no exterior?
M.N.: A gente vive um momento muito bom para o cinema brasileiro. Ganhamos prêmios em festivais internacionais importantíssimos, como no Festival de Cannes, em 2019. E mesmo em meio à essa loucura que estamos vivendo, em um momento também difícil para as artes, eu vejo o nosso cinema sendo valorizado. Eu, para este ano, estou gravando uma série que se chama “Temporada de Verão”, da Netflix, e tem a estreia de “O Silêncio da Chuva”, filme do qual participei, que tem direção do Daniel Filho com Lázaro Ramos.

Fotos: Globo / Divulgação | Isabella Finholdt

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