capa destaque 202408 Sabrina Silva

Da Fotografia à Televisão: Uma Jornada de Resiliência e Sucesso

Descubra como a jornalista brasileira premiada, Sabrina Silva, transformou desafios em oportunidades e se tornou um ícone na TV americana

Sabrina Silva, uma jornalista brasileira que conquistou o cenário televisivo americano, é a primeira brasileira a ganhar um Emmy nos Estados Unidos. Desde a infância, cercada por uma família de fotógrafos, até sua ascensão em meio aos desafios da TV norte-americana, Sabrina tem uma história marcada pela resiliência e paixão pela comunicação. Em nossa entrevista, ela compartilha suas inspirações, os obstáculos superados e como usa sua plataforma para contar histórias que impactam profundamente a audiência. Descubra como essa talentosa jornalista transformou adversidades em sucesso e continua a fazer a diferença no mundo do jornalismo.

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Alô Você Magazine: O que te inspirou a seguir a carreira de jornalista?
Sabrina Silva: Eu venho de uma família de fotógrafos. Desde criança estive na frente das câmeras. Meu pai fazia vídeos de muitos momentos, criando memórias, meus tios fotógrafos me usavam muito como modelo, então não tinha medo de ser filmada. Ao contrário, eu me sinta muito confortável na frente da câmera. Quando mudei para os EUA, me apaixonei pelo teatro. Fiz muitos shows e sabia que tinha um talento especial. Até que um dia disse para o meu tio que queria fazer Broadway… mas ele teve uma ideia muito melhor para eu usar minha criatividade e minha bondade… jornalismo de televisão. A ideia dele foi para eu trabalhar com uma TV dos EUA durante as Olimpíadas Rio 2016. Eu apliquei e fui escolhida para trabalhar com a NBCUniversal. Fui a única brasileira escolhida em um grupo de 40 pessoas. Lá tive a oportunidade de trabalhar com grandes nomes da TV norte-americana, modelos de todo lugar do mundo, atores, jornalistas, e muitos CEOs. Essa foi a oportunidade que me levou ao jornalismo e abriu grandes portas.

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A.V.M.: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua carreira na televisão americana?
S.S.: Muitas pessoas acham que jornalistas de TV ganham muito bem… sim, ganham em cidades grandes como Nova York, Filadélfia, Boston, Los Angeles, etc… mas ninguém começa trabalhando nesses lugares. Eu comecei em uma cidade muito pequena em Louisiana ganhando quase nada de salário. Mas as expectativas são as mesmas. Tenho que ter a melhor roupa, meu cabelo tem que estar feito, e meu make-up precisa estar “TV ready”. Tive dias que comia só ramen noodles e precisava muito de ajuda financeira dos meus pais. Para fazer a situação pior, eu estava na televisão norte-americana em um lugar muito discriminatório. Recebi muitas mensagens me ameaçando porque para eles eu era uma “imigrante que estava roubando o trabalho de americanos.” Mas essas ameaças me trouxeram mais vontade de crescer e mostrar que não estava roubando nada, só tomando posse do meu lugar.

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A.V.M.: Como você se preparou para cobrir eventos importantes e como lida com a pressão ao vivo?
S.S.: É muito raro eu ter uma matéria horas antes do trabalho. Muitas vezes recebo informação sobre minhas matérias em tempo real. Cubro muito breaking news, então é fazer as perguntas certas para oficiais de polícia, bombeiros, e funcionários do governo. Também tenho que procurar pessoas que sabem do que aconteceu ou viram a situação acontecendo para poder relatar ao público a história. Quando tenho uma matéria já planejada, gosto muito de ler sobre o assunto e ver o que mais interessa ao público. A pressão de estar ao vivo às vezes é muita, especialmente quando não tenho muita informação do acontecimento. Mas eu me sinto muito confortável na câmera, então tento falar como se fosse conversando com minha família ou meus amigos.

A.V.M.: Qual é a sua abordagem para contar histórias que realmente impactem e ressoem com a audiência?
S.S.: Eu gosto muito de fazer parte da comunidade em que eu trabalho. Conhecer as pessoas me ajuda a descobrir o que elas querem ver mais nas notícias. É importante fazer amizades, conhecer e pesquisar a cidade/lugar.

A.V.M.: O que significou para você ganhar um Emmy? Como isso afetou sua carreira?
S.S.: O Emmy é o prêmio maior e mais prestigioso a profissionais de televisão, então para mim isso é um prêmio dos meus sonhos. Trabalhei muito para chegar neste momento da minha carreira e ser reconhecida pelo esforço é uma benção. Sou a primeira jornalista brasileira a ganhar um Emmy na TV dos EUA, então sinto que este momento é também muito especial para a comunidade brasileira. Sempre fui muito orgulhosa de ser brasileira e usava todas as oportunidades para demonstrar essa parte da minha vida, então para ganhar um prêmio sendo imigrante e começando com mais dificuldades do que muitos norte-americanos, acho que isso demonstra o esforço do brasileiro.

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A.V.M.: Pode compartilhar um pouco sobre a reportagem ou o trabalho que te levou a ganhar o Emmy?
S.S.: Eu estava cobrindo uma inundação enorme. Nossa equipe foi a primeira e única nas áreas mais atingidas no momento em que acontecia. Fui mandada para lá de calça e chinelo… tinha água até a cintura. Registrei o resgate de uma família com dois bebês. O carro deles ficou preso na enchente bem na nossa frente, conseguimos filmar o resgate ao vivo. Acho que estive ao vivo conversando sem parar por cerca de 20 a 30 minutos.

A.V.M.: Como é ser uma mulher brasileira no jornalismo americano? Você acha que teve que superar barreiras adicionais por conta disso?
S.S.: Tive que superar muitas barreiras que muitos dos meus companheiros norte-americanos não tiveram que superar. O mais difícil foi aprender o inglês, não só para lidar com o dia-a-dia nos EUA, mas para ser jornalista. Tive que me esforçar muito nessa área para chegar ao inglês suficiente para não ter acento e especializar na gramática. Também passei por alguns momentos de discriminação dos telespectadores e também dos meus patrões. Mas para mim isso se tornou combustível para chegar a um nível alto de sucesso.

A.V.M.: Como você equilibra sua vida pessoal com a carreira intensa de jornalista?
S.S.: Nos primeiros anos da minha carreira, não tive muita vida pessoal. Trabalhei muito nos fins de semana, então não tinha muito tempo para sair com amigos ou ver minha família. Depois de um tempo, comecei a criar tempo para mim. Usei os dias de folga para fazer uma classe de exercício, ler um livro em um restaurante com um ambiente gostoso, e comecei a fazer amizades com pessoas que também trabalhavam na minha área. Hoje, eu sei que o meu tempo é o que eu mais tenho de valor, então escolho sempre colocar meus relacionamentos, minha saúde mental e física em primeiro lugar. Também estou começando uma marca de joias do Brasil, BÍNA, para usar minha criatividade em uma área diferente. Acho muito importante ter hobbies, e como eu amo meu Brasil e me identifico muito com a área de estilo, pensei em trazer o Brasil até as pessoas que não podem ir. Isso para mim é o que me ajuda a separar a Sabrina do dia-a-dia e a jornalista Sabrina.

A.V.M.: Quais conselhos você daria para jovens que sonham em seguir uma carreira semelhante à sua?
S.S.: Meu maior conselho é ter paciência. Não é uma trajetória fácil nem rápida, demora crescer… mas quando você chega no topo, a vista é muito bonita. Mesmo sendo jornalista em uma mídia de TV, não é estar na TV que me incentiva a sair todos os dias e fazer reportagens, são as pessoas que posso ajudar. E nem sempre é uma história que você quer cobrir. Tive que bater em muitas portas e muitas dessas portas foram batidas na minha cara. Então tem que estar preparados para momentos desconfortáveis.

A.V.M.: Quais são seus próximos objetivos e aspirações na carreira jornalística?
S.S.: Eu amo o que eu faço, mas não estou mais apaixonada pela minha indústria. Por agora estou tirando um momento para minha família, meu namoro, e Deus. Creio que tenho que encontrar a companhia de jornalismo que quer mesmo notificar o público com histórias que possam fazer a diferença. Nem tudo no mundo é perigoso ou ruim, mas se você sentar na frente da TV e assistir os primeiros 10 minutos do seu jornal local, você só vai ver histórias tristes, violentas, ou sobre política… tem vezes que são histórias de lugares bem longe e por motivos de entretenimento, são dramatizadas. Em um mundo perfeito, trabalharia para uma rede de jornalismo que coloca o povo em primeiro lugar. Se Deus quiser, é isso que ele tem para mim na próxima jornada.

A.V.M.: Como você vê o futuro do jornalismo em um mundo cada vez mais digital e conectado?
S.S.: Eu acho que vamos ver o bom e o ruim nos próximos anos. O bom é que hoje você pode entrar no Twitter, Instagram, TikTok, e descobrir tudo que está acontecendo no mundo… só que esse grande acesso também traz muito “fake news.” Já vi muitos vídeos circulando de outros eventos sendo usados como se fosse de um evento recente. Também acho que com a inteligência artificial, vai ser mais difícil decidir o que é real e falso.

A.V.M.: Existe algum projeto ou reportagem que você ainda sonha em realizar?
S.S.: Eu realizei muito, então não. Tive a oportunidade de entrevistar presidentes, grandes atletas, atores… sou grata por tudo isso. Já cobri eventos importantes na área de política, esporte, entretenimento, medicina, ciência, tech… tudo! Mas vou terminar assim… minha história favorita e mais importante foi a de uma mulher em diálise que precisava de um transplante de rim. Milhares de pessoas podem se identificar com isso. Uma menina jovem entrou em contato depois que viu o segmento na TV e se ofereceu para se tornar sua doadora. Acompanhei as duas, cobrindo o processo, e naquele momento soube que minha história salvou uma vida. Já me sinto muito realizada.

textos por Carol Contri – fotos por Lucas Queiroz  Click Studios

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