Monica Ferreira do Alô Você Magazine, entrevistou Américo Monteiro, um artista local, vencedor de prêmios regionais e em Portugal. Aqui, um pouco da nossa conversa com ele.
Alô Você Magazine: De onde é de Portugal e quando chegou aos Estados Unidos?
Américo Monteiro: Eu cheguei aos Estados Unidos em 1972. Nasci em Lisboa na Freguesia do Socorro e vivi em Lisboa até aos 15 anos. Depois mudei-me para Setúbal e em seguida para Alcobaça onde começou a minha carreia.
AVM: Tenho notado que o seu trabalho anterior tem uma grande ligação com Portugal. Acha que se estivesse morando lá ainda teria a mesma conexão, ou expressa a saudade que tem de Portugal através dos seus quadros?
AM: Iria ser completamente diferente. Em Portugal eu fazia pinturas encomendadas por clientes; tinha que agradar. Foi uma coisa que nunca gostei. Se tivesse lá eu teria que continuar a criar da mesma maneira. Comecei a pintar aos 15 anos e aprendi muito em Portugal pois tive uns professores muito bons da Vista Alegre. Quando cheguei à América alguém soube que eu pintava em Portugal. Assim, o meu primeiro trabalho foi pintar 260 cadeiras com pinturas à Alentejana para um restaurante. Os desenhos eram todos diferentes e aí eu me senti à vontade; estava no meu campo.
AVM: Quais são algumas de suas inspirações?
AM: Eu vou a museus. A inspiração, a ideia, começa na cabeça, passa pelo meu peito, atravessa o braço e vai para os meus dedos. Se entrasses no meu estúdio quando eu estou a pintar, abrias a porta e saías logo. Eu oiço música como Beethoven ou ópera. A música começa a tocar os meus sentidos e sinto-me como um mar de rosas.
AVM: O que você prefere para pintar?
AM: Gosto muito de pintar a óleo mas é difícil por causa do cheiro. Ultimamento ando a usar outro tipo de tinta em telas.
AVM: Existe um sonho ou objetivo que você gostaria de alcançar como um artista?
AM: Não tenho. O que eu tenho sido até agora não posso querer mais. Niguém pode dizer “Eu alcancei a Glória” ; a gente vai sempre aprender!
AVM: Quem são alguns dos seus artistas favoritos?
AM: Presentemente é o Jackson Pollock e Beltran. Fernando Pessoa. Como escultor, Michael Angelo.
AVM: Já houve um tempo em que sentiu vontade de desistir da sua arte?
AM: Quando cheguei à América eu disse que nunca mais pegaria num pincel, porque já estava saturado de estar a ser comandado por outros. Em Newark, havia a Casa do Ribatejo e eu comecei a gostar de ir para lá conviver com outros pintores. Era isso que eu precisava. E foi assim que comecaram as exposições. Eu agora pinto todos os dias.
AVM: Qual foi uma das melhores experiências proporcionada pela sua arte?
AM: Eu pintei ( restaurei) uma bandeira. Senti um orgulho enorme quando cheguei à Igreja dos Imigrantes e vieram-ma trazer para eu desfilar. Não estava à espera.
AVM: Algumas das suas pinturas foram expostas no Museu de Arte de Filadélfia para representar Portugal. Como isso o fez sentir como pintor?
AM: Foi um objectivo conquistado! Há 41 anos na América e nunca tinha feito exposição no museu.
AVM:Que conselho você daria para artistas aspirantes na nossa comunidade?
AM: Eu acho que quando uma pessoa nasce com uma vocação, tem uma veia artística, tem que aproveitar. Em primeiro lugar tem que ter uma formação, depois tentar sempre progredir e encontrar o próprio espaço. Envolver-se no ambiente das artes, o que ajuda a desenvolver, também é muito importante.
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