Amor à sétima arte

A união de brasileiros apaixonados por cinema resultou na belíssima criação do curta “Perdida-Night Lost”, que estreará em breve. Apesar das dificuldades a finalização desse projeto, realizado por voluntários, mostra o que o amor é capaz de fazer. (linha fina)

Por Paula Bernardo

O filme “Perdida- Night Lost” produzido, dirigido e interpretado por imigrantes brasileiros que vivem nos Estados Unidos será lançado nos próximos dias em NYC. O filme é um drama que mostra a luta angustiante de Raquel e seu marido Anderson para gerar um filho. Uma noite em que Raquel se perde em Newark ela encontra um homem que mudará para sempre o seu destino.

O curta, de aproximadamente 40 minutos, foge do óbvio e seu final surpreendente leva o telespectador a refletir. Trata de fidelidade, aborto, trauma e principalmente amor.

O roteiro, desenvolvido por Marco Antônio, começou ser criado no inverno de 2013. Segundo o autor e diretor, que contabiliza 12 filmes em seu currículo. Era uma história simples de 10 páginas, mas ganhou vida e depois da primeira leitura as ideias cresceram. “Juntamente com a diretora de teatro Clau Olliva e a produtora Marisa Abel, que co-escreveram a história, quebramos a cabeça. Fiz muita pesquisa na questão do aborto e dos casais com problemas de fertilização. Eu sou um otimista incurável e o meu objetivo principal no filme foi realçar que apesar das tragédias podemos sempre tirar algo de bom nisso. Gosto de ‘Happy Endings’ no cinema, eles nos renovam e nos dão esperança”, diz Marco.

O projeto contou com muita união e comprometimento da equipe, já que é um filme independente e foi feito sem muitos recursos financeiros. De acordo com Marisa Abel, atriz e produtora (ela quem faz a protagonista do filme), a maior parte foi feita com trocas e parcerias, todos voluntários e se ajudando. “A maior dificuldade na produção foi a falta de verba e ainda conciliar o horário de todos os envolvidos. Conseguimos algumas parcerias que foram essenciais e nos ajudaram a dar mais veracidade no curta”.  O ator que interpreta o marido de Raquel, Robson Dantas, concorda, “fazer um filme assim não é fácil e por isso o apoio de todos é fundamental”.

“Foi um período de 1 ano para finalizarmos o filme. O custo de $5000,00 com locações em Newark, Warren, Clifton e Kearny. Tivemos alguns parceiros e patrocinadores mas o melhor de tudo foi a força de vontade de todos que vestiram a camisa da equipe e se empenharam para finalizá-lo. Tenho muito orgulho dos nomes que estão nos créditos e das empresas e pessoas que o apoiaram. Acho que a arte em Newark está emergente e tem muitos talentos escondidos”, reforça o roteirista e diretor Marco Antonio que conclui sobre o resultado final: “Para mim é lisonjeiro ter a missão do filme cumprida. Poderíamos ter feito mais, porém fiquei satisfeito de ter a obra realizada, a dedicação dos atores e do carinho da equipe em geral sem exceções”.

De acordo com a preparadora de elenco, Clau Olliva, o filme está lindo, bem preparado e sua história é cativante. “Todos lutaram bravamente por essa causa. Se disponibilizaram, foram dedicados, generosos e valentes. Deram ao personagem o que ele pedia. Descobrimos atores técnicos, atores intuitivos, mas acima de tudo atores apaixonados pela arte. Estamos entregando uma arte ‘sincera’. Resultado de um trabalho árduo que durou um ano. Todos vão se apaixonar por Perdida”.

O ambiente harmonioso e o entrosamento da equipe é facilmente identificado nos relatos unânimes do quão prazeroso foi participar das filmagens. O filme também conta em seu elenco com Lucas Alpiste, Wesley Cabral, Lana O’Keefe, Thárika Heys, Juliana Silva, Maria Ferreira, Marcio Mendes, Sergio Souto, Dan Silva, Maria Cristina Tina, Roy Relvas, Yuri Farias, Jeoadas Gama, Andrew Maia e Ryan XXXXXX. Confira alguns deles:

“Iniciei meu trabalho no filme como produtora, tivemos um imprevisto com a atriz principal e a Clau e Marco me convidaram para fazer a Raquel. Não tive tempo de me preparar para ela como eu gostaria, pois tive apenas 2 semanas. O que facilitou foi a intimidade que já possuía com o elenco, pois são pessoas muito próximas da minha vida particular e isso ajudou muito. Robson e eu ensaiávamos até tarde os tons de voz e vocabulário para que tudo ficasse mais natural. Marco e Clau sempre incentivando fazer o melhor. Achei que o resultado final ficou muito bom, principalmente se lembrarmos que é um filme independente. Me surpreendi positivamente com todos os atores, principalmente os que estão debutando.”

Marisa Abel

“Foi uma experiência fantástica e prazerosa e ter tido o prazer de trabalhar com a Marisinha foi muito bacana porque ela realmente se entrega ao personagem. Ela dizia que o Anderson era exatamente o que sou. Admiro também o carinho com o qual a Clau trabalhou conosco. Ela fez toda a preparação dos personagens voluntariamente, achei admirável. ”

Robson Dantas

“Sempre tive vontade de ser atriz e aos 60 anos de idade posso realizar esse sonho. Memorizar as falas e os trejeitos da ‘Maria’, minha personagem, foi um desafio gostoso. Esse filme me inspirou e tenho certeza que não vou parar por aqui.”

Lana O’Keefe

“Sempre gostei de cinema e teatro e achava que só queria ser atriz, mas descobri que trabalhar nos bastidores também é muito divertido e produtivo”. “Interpretar o Vasco foi ótimo, me sinto privilegiado com esse papel. Graças ao diretor Marco Antonio pude fazer parte deste elenco maravilhoso”

Wesley Cabral

“Foi uma experiência única, fiquei bem à vontade porque os atores e atrizes eram bem conhecidos. Por ser o primeiro filme e ser leiga no assunto acho que me sai bem porque todos demos o melhor.”

Maria Ferreira

“Foi delicioso trabalhar com essa equipe, já conhecia a equipe e trabalhar com amigos é excelente, principalmente quando todos se apoiam e se ajudam. A minha personagem é o meu oposto e isso é o mais interessante, porque você tem de quebrar alguns tabus, encontrar dentro de você a melhor forma de interpretar.”

Tharika Heys