As brasileiras, Vera Reis e Débora Beldowicz, se uniram para criar um livro divertido com histórias reais de brasileiros que cometeram algumas gafes aqui na América. Com o intuito de entreter e divertir, elas selecionaram diversas histórias que vão fazer você simplesmente não parar de rir. O lançamento será no dia 13 de junho na ONU em New York e uma segunda apresentação do livro no dia 19 do mesmo mês no restaurante Brasília Grill em Newark-NJ.
Confira a entrevista exclusiva com Vera e Débora.
Vera Reis
Como surgiu a ideia de fazer esse livro?
Em uma de nossas madrugadas “on-line”, vi um post da Débora Beldowicz no grupo Ajuda Comunitária, perguntando: Você já pagou algum mico na América? O interesse das pessoas foi repentino, os micos se multiplicavam a todo o momento. Eu e a Débora mal nos conhecíamos, mas começamos a conversar através das mensagens e de cara já falamos sobre a possibilidade de aproveitar aquele riquíssimo material para um livro. O universo conspirou a nosso favor e imediatamente nos tornamos grandes amigas. Os micos não paravam e as pessoas estavam encantadas em descrevê-los. Marcamos um encontro e já definimos a capa e quem seria nosso ilustrador. Adalberto de Souza é um grande profissional desta área e eu conhecia muito bem o seu trabalho. As coisas andaram muito rápido. Pouco tempo depois estavam tudo esboçado, as ilustrações, tudo.

Quantas histórias vocês receberam?
No total eram mais de mil, passamos tudo para um arquivo do WORD e íamos trocando informações acerca de um e de outro. Acho que foi a fase mais complicada de todas.
Como foi a seleção? O que foi mais difícil na escolha das histórias do que entraria no livro?
Bem haviam muitas histórias repetidas, algumas longas demais, algumas confusas sem pé nem cabeça. Passamos várias noites lendo, relendo e fomos peneirando, fundíamos as que estavam muito parecidas em uma só, retirávamos as frases desnecessárias.
O que você tem a dizer destas hilariantes histórias?
Ah são realmente hilariantes! Acho que mesmo os mais cultos, que já chegaram aqui com um Inglês razoável pagam micos. São expressões diversas, maneiras de falar, aquela vontade de traduzir tudo ao “pé da letra” e que nunca dá certo, palavras com fonética parecida com as nossas e a ingenuidade e medo de quem chega. Todos os imigrantes querem ser aceitos, provar que sabem “se virar” e vão empurrando com a barriga, de qualquer jeito. É uma fase difícil até a total adaptação, conhecimento básico da língua, até entenderem como as coisas funcionam nos transportes, nos supermercados, nos bancos e em tudo que fazem parte do dia a dia de uma pessoa.
Já pensam na segunda edição?
Acho que será mesmo necessário, porque em todos os lugares que se fala dos micos, alguém tem algum divertido pra contar. O engraçado mesmo é que ninguém tem vergonha de contar seus micos, eles simplesmente pulam da boca das pessoas quase como uma necessidade. Pretendemos fazer outras publicações envolvendo imigrantes, como histórias alegres, tristes, divertidas, perigosas, principalmente aqueles que não vieram por um caminho legal. Acreditamos que este seja um material riquíssimo de total interesse de todos aqueles que se aventuraram a viver fora dos seus países.
Debora Beldowicz
Quanto tempo levou para ficar pronto, desde o início da ideia até o resultado final?
Da ideia inicial a edição final do livro, levaram 3 meses. Somos pessoas práticas, pessoalmente não gosto de ter que fazer várias reuniões para resolver um assunto e em apenas um almoço já tínhamos o projeto inteiro desenhado. Sou rápida no gatilho e sempre penso que ‘ou me envolvo de corpo e alma’, ou não me envolvo. Tenho também que ter liberdade para fazer o meu trabalho, penso que muitas pessoas acabam atrasando o processo, portanto fiz minha parte, a Vera fez a dela, e depois apenas trocávamos ‘figurinhas’. Assim foi rápido e deu tudo certo!
Qual das histórias, na sua opinião, é a mais hilariante?
Adorei a do ‘monkey, monkey!’, e também a do ‘ring’. Bom, ai vocês terão que ler para conferir…
Lançar um livro nos EUA e em português é um desafio grande. Como está sendo a repercussão?
Com certeza, mas está tendo uma ótima repercussão. Pesquisei bastante o tema e vi que não havia nem mesmo ‘um’ livro parecido. Existem livros de piadas, contos de imigrantes, mas nenhum sobre as nossas ‘gafes’ de imigrantes, portanto o livro se tornou único. Estava na hora de ter uma leitura mais ‘leve’ e que nos faz rir de nos mesmos. Editamos o livro algumas vezes, mas decidimos deixar o máximo possível no jeito que o escritor do mico o relatou, portanto mesmo com alguns ‘erros’ de português ou não uma gramática correta, decidimos que isso faria também parte dos ‘micos’. Queríamos uma linguagem do dia a dia como se o leitor estivesse ali mesmo, contando a gafe sem se preocupar com nada.
Ouvir histórias e “micos” de outros também nos ajudam a não cometê-los. O Objetivo do livro é apenas divertir ou vocês pensaram na possibilidade de ajudar as pessoas a compreenderem melhor a cultura americana?
No começo, pensamos em apenas trazer aos nossos conterrâneos um livro completamente diferente do que já se havia feito antes. Um livro em que iríamos dizer ‘opa! Já aconteceu comigo’! Ou em apenas rirmos um pouco. A vida já e muito séria e se não pudermos rir um pouquinho de nossa ingenuidade, teremos uma pressão psicológica muito grande. Bom, com o passar dos dias, vemos que o livro também acaba sendo educativo, pois realmente uma palavra incorreta em Inglês pode mudar completamente a essência de tudo. Podemos aprender com as pessoas um pouco mais sobre a tolerância entre culturas e aprender a sermos mais inseridos nos costumes Americanos. Às vezes não olhamos as dificuldades das outras pessoas e tiramos conclusões precipitadas. Então quando o ‘mico’ é nosso, aprendemos que todos erramos, mas podemos sempre voltar atrás, tentar corrigir, e se não for possível, pelo menos dar boas risadas!
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