sexta-feira , 24 outubro 2025
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Um tal de João de Santo Cristo

Protagonista do filme Faroeste Caboclo, o ator Fabrício Boliveira falou com exclusividade para nossa redação.

Por Marisa Abel

faroeste caboclo posterInterpretar um dos personagens mais famosos da cultura musical brasileira é uma grande e responsabilidade e o ator Fabrício Boliveira tirou isso de letra.

No filme Faroeste Caboclo, do diretor René Sampaio, Fabrício vive João de Santo Cristo. O filme é inspirado na canção homônima da banda Legião Urbana e conta a saga de um nordestino, que vive em condições bem precárias no interior da Bahia, vai para Brasília tentar uma vida melhor e se torna um dos mais influentes traficantes da cidade.

O filme Faroeste Caboclo estreou no Brasil em 30 de maio e esteve em cartaz em Manhattan durante o 11th Brazilian Film Festiva of New York, que aconteceu no mês passado.

Esbanjando simpatia, alegria e conhecimento de causa Fabrício concedeu seus preciosos minutos para nos oferecer uma entrevista deliciosa. Confira:

Alô Você: Quando você recebeu o convite para fazer o João?
Fabrício Boliveira: Há dois anos fiz o teste para fazer o filme. Fiquei sabendo através de uma amiga e fiz o teste na casa do diretor porque dois dias depois eu iria viajar. Quando voltei fiz a segunda parte do teste e fui aprovado.

Alô Você: E o tempo de gravações, começaram muito depois?
Fabrício Boliveira: Foi no mesmo período, as gravações começaram por volta de janeiro de 2011.

Alô Você: Sabemos que Faroeste Caboclo marcou gerações. Eu tenho 34 e é uma música da minha época de adolescente e hoje minha sobrinha de 14 anos também ouve, é da época dela. Como é a responsabilidade de interpretar um personagem tão famoso e tão querido que passa de geração em geração?
Fabrício Boliveira: Tenho duas coisas legais para falar sobre isso que você mencionou. Primeiro a história das poesias e músicas de Renato Russo falam de questões atemporais porque falam de questões que nos acompanham a vida inteira, que começam na adolescência e é até por isso que sua sobrinha descobre isso. As questões com Deus, políticas, com seus pais e isso se introduz nesta época de adolescência, mas que perduram a vida inteira, essas letras acompanham a gente.

Fabrício Boliveira

A expectativa, eu sabia que não conseguiria suprir a necessidade de todos esses fãs que já tinham uma imagem desta música, então eu resolvi descobrir o que é que a música tinha de essencial, o que era a síntese da música e a partir daí eu acho que construi o personagem. Porque é uma música que fala sobre as diferenças, sobre intolerância, sobre classes sociais e racismo e isso comunica universalmente, então eu acho que ai eu consegui dialogar com as pessoas.

Alô Você: Um ponto da música que é importante destacar é que ele não era nem de todo mal e nem de todo bom, fez muita coisa errada, se envolveu com o tráfico, mas mesmo assim as pessoas continuavam a torcer por ele. Como é sua visão desse João?
Fabrício Boliveira: Primeiro porque ele não é maniqueísta, não é nem mocinho e nem vilão e isso faz com que as pessoas mantenham um distanciamento e possam enxergar as atitudes dele e possam se questionar se fariam igual. Porque se você vai para o mito do herói, do clássico do Aristóteles, você vive toda a história da música como o herói e ali se encerra, mas quando você tem o distanciamento em atitudes errados do herói, você consegue ter análise crítica de entender aquilo. Acho que uma questão muito grande do filme é entender o que é escolha e o que é destino, isso acompanha todo mundo.

Fabrício Boliveira 2Alô Você: Falando um pouco sobre discriminação em relação às raças, que é apenas uma questão de cor de pele, como você analisa o fato de não termos evoluído o suficiente para aceitar as diferenças do outro?
Fabrício Boliveira: É um problema que está no mundo: Como lidar com a diferença do outro? Acho que isso é uma busca nossa do ser humano, em todos os lugares do mundo, de como se afinar, de aceitar as pessoas como elas são. É só um aspecto do seu gênero. Está muito no olhar e na educação.

Alô Você: Quais são seus outros projetos?
Fabrício Boliveira: Estou ensaiando uma peça de teatro “Philodendos”, que estreia agora em julho. Dois projetos de cinema, um sobre a história da banda Planet Hemp e outro é um “doc-ficção” sobre Milton Nascimento. Tenho mais dois filmes pra lançar, que é um sobre Joãozinho 30 e um outro sobre Nise da Silveira, uma história maravilhosa que mudou a história da psiquiatria no mundo.

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