quinta-feira , 2 maio 2024
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Brazilian Day: Entre rosas e espinhos

Por Marisa Abel

O presidente do Brazilian Day, João de Matos, em uma conversa franca conosco fala sobre sua paixão em realizar o evento e também sobre os “contras”.

joao matos brazilian day (2)São 29 anos de história e de sucesso que fizeram de um simples evento de rua o a maior festa brasileira fora do Brasil, que atrai mais de 1,5 milhão de pessoas.

Este ano o Brazilian Day terá como atrações principais os cantores Gusttavo Lima e Zeca Pagodinho.  A festa acontece em Nova York, na famosa Little Brazil, e se estende por 25 quarteirões, sempre no domingo que antecede o Dia do Trabalho nos EUA.

Fomos conversar com João de Matos, presidente do Brazilian Day, que nos recebeu atenciosamente em seu escritório, e nos contou tudo que acontece nos bastidores. Confira!

De quem foi a ideia de criar o Brazilian Day?

Você conhece aquela história de que quando um filho é bonito todo mundo é o pai? (risos). A grande verdade é que o Brazilian Day não foi criado com esse nome e sim com Brazilian Independence Day, foi uma festa de rua e a primeira quem fez foi um jornalista, o fundador do The Brasilians chamado Jota Alves, juntamente com meu irmão.

Como tudo começou?

Era um “bloco party” que naquela época nem precisava de licença, ficava entre a Sexta e a Quinta avenida, nada de música, só artesanato brasileiro, começou assim. Eu fui completamente contra, tanto que nem fui no primeiro. No segundo ano eu estava em Toronto, envolvido com corrida de carro, e pensei: “se o carro quebrar eu vou para a festa”. Não deu outra, ele quebrou e eu vim correndo. Cheguei aqui e a rua estava lotada. Você sabe como é brasileiro, vem um com caixa de fósforo, outro com uma lata e já vira música e festa, tinha um pessoal jogando capoeira e eu pensei: “opa, que loucura essa? Tem gente aqui”.

Nos anos seguintes colocamos um palco e chamamos um grupo de uma escola pra cantar o hino e foi assim, nada demais.

E o momento que iniciou a trazer os famosos?

Primeiro fizemos umas experiências de shows. Trouxemos a Gal Costa para fazer um show no Carnegie Hall e um mês antes, estava tudo “sold out”, com total de 6 mil pessoas. Sem experiência nenhuma fui aprendendo a fazer, pagar isso e aquilo. O show, acho que custava uns USD 25.00 dólares, a Varig me ajudou com umas passagens… depois do show, conclusão, prejuízo total. Acho que isso foi em 1986.

Se houve tanto público por que você tomou prejuízo?

Pra você ter uma ideia ela pediu um banquinho pra sentar e cantar “Chuva de Prata”, pedi para o cara do Carnegie e ele disse que quem deveria por o banco era a União, USD 250.00 a hora e no mínimo 5 horas. USD 1250.00 só pra colocar o banquinho e tirar. E todo mundo dizendo que eu ganhei dinheiro, mas tive tantas coisas pra pagar. Conclusão, resolvemos fazer outro e trazer a Betânia.

joao matos brazilian day (1)

Desta vez com sucesso financeiro?

Foi no Tom Hall, Betania pediu umas extravagâncias, disse que não faria show se não tivesse tapete branco… corre atrás disso e daquilo, conclusão, perdemos dinheiro. Aí pensei, perco dinheiro e os caras reclamam, ah não vou mais fazer isso ai não.

Mas você investiu em famosos para o Brazilian Day, certo?

Bom, um tempo depois a disse pra fazer um show de famoso no Brazilian Day e uma amiga minha disse para trazer o cunhado dela, o Lulu Santos. Ele estava meio em baixa e não cobraria. Ele foi o primeiro que veio. Ele ressuscitou com a gente. Foi maravilhoso encheu agora eu pensei que ninguém ia reclamar, de graça, cheio e a rua cheia de barraquinhas. A hora que o evento acabou vieram reclamar que eu coloquei o palco perto das barraquinhas e que eles não ganharam dinheiro.

E depois?

Ai fui aprendendo, coloquei as barraquinhas mais pra trás, trouxemos a Elba Ramalho, o evento cresceu, mudamos de lugar, ficou grande. A polícia veio dizer que estávamos muito grande. E foi assim que o Brazilian Day foi crescendo, a ideia de fazer show aqui foi minha.

Um dos maiores, senão o maior, evento brasileiro fora do Brasil. O Brazilian Day NY ganhou prestígio internacional. Como é estar à frente deste trabalho?

Eu faço porque adoro fazer, tenho gosto por fazer, e agora eu não perco pouco dinheiro, perco muito (risos). Não tem como ganhar muito dinheiro com isso, porque não tem muita propaganda, é USD 5,000.00 de um e de outro, mas as licença e coisas para pagar são grandes. Só a segurança USD 15,000.00, o palco USD 45,000.00. Fora que tem que pagar 30% de quem vende. Ainda tem 25% da cidade do valor das barraquinhas, mais “sanitation”.

Por que a comida é tão cara nas barraquinhas?

Não sei, é caro? Não tenho ideia de como eles cobram. Veja bem, não tenho nada a ver com isso. O pessoal deve estar pensando que estou ganhando dinheiro com isso também.

Como é a parceria com a Globo?

A Globo só me dá a banda grátis, mas passagem, visto, hotel e etc sou eu quem paga. E não posso colocar propaganda no palco por causa da Globo, aí não dá para ganhar muito dinheiro

Este ano teremos Gusttavo Lima, que hoje é um dos maiores nomes do sertanejo no Brasil e também Zeca Pagodinho, artista querido que dispensa apresentações. Como foi a escolha destes nomes?

As escolhas são feitas entre nós e a Globo. Eles trazem uma lista de quem está no auge e vamos elimando

Por que a comida é tão cara nas barraquinhas?

Não sei, é caro? Não tenho ideia de como eles cobram.

A Lavagem da 46 faz parte do evento, porém sua divulgação é um pouco menor. Como é a relação do público em este evento?

Nós apenas ajudamos com a divulgação e incentivamos, mas não é oficialmente parte do Brazilian Day.

E como você conclui?

Vai chegando perto eu vou ficando com mais raiva, porque é tanto problema, crio tanta inimizade. Ai vem muita gente pedir VIP, mas eu tenho quantidade certa e quando acaba a camisa não posso dar mais. Chegou sem camisa não entra e se entrar vai ter de ficar do meu lado o tempo todo. Brasileiro deixa tudo pra última hora.

Meu único medo é demonstração política, porque esse não é o objetivo.

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